Márcia é uma artesã de canções e com elas conseguimos pairar num lado emocional que não fala de questões sociais, mas antes daquilo que todos vamos sentindo.
As suas letras são sobretudo emotivas, não são narrativas. São canções que nascem nos momentos mais inoportunos. Uma melodia que ela grava com a voz e que aos poucos vai ganhando corpo e palavras. "É tipo escrita criativa, escrevo o que estou a sentir, mesmo que não faça sentido, vou à procura do som das palavras, depois vou lapidando até perceber que palavra é que lá está. Acredito muito na intuição."
Usando cada disco como um momento gerador de mudança na sua vida, Márcia fez de Quarto Crescente um motivo para arrumar fantasmas e espantar medos. Ao terceiro álbum, é cada vez mais uma voz solitária na música portuguesa. Ninguém mais canta assim.
Quando acordar do sono que eu escolhi quero ter no meu cantinho sempre mais de ti Cada rosa, cada espinho que tanto cresceu mesmo quando venham pra nublar-me o céu.
— Márcia A Insatisfação
MÚSICA e LETRA - MÁRCIA
Escrita fina
quando corre ensina
não dura um deserto que atravesse
Pode ir sendo
que demore um tempo
mais tarde ou mais cedo
lá me acerto
Na lembrança
o meu céu de criança
a quem nunca se entrega um tom cinzento
por momentos
vem num pensamento
e uma nuvem chove cá por dentro
Quase nada
(experimento o céu de negro que há de norte a sul
nunca me conforma
(prometo-me a mim mesma mais de céu azul)
a insatisfação
(temo que haja pouco pra me contentar)
nunca me abandona
(mas nada me impede de tentar)
Porque tento
andar atrás no tempo
e entender a chuva que acontece?
Como por magia
há sempre um novo dia
e outra Lua Nova que anoitece
Se a madrugada traz uma canção
pouco importa que me insista hoje em "dia não"
tomei o meu fastidio pra me atormentar
pedras no meu trilho são pra me assentar
Quase nada
(experimento o céu de negro que há de norte a sul
nunca me conforma
(prometo-me a mim mesma mais de céu azul)
a insatisfação
(temo que haja pouco pra me contentar)
nunca me abandona
(mas nada me impede de tentar)
Quando acordar do sono que eu escolhi
quero ter no meu cantinho sempre mais de ti
cada rosa, cada espinho que tanto cresceu
mesmo quando venham pra nublar-me o céu.
Quase nada (experimento o céu de negro que há de norte a sul nunca me conforma (prometo-me a mim mesma mais de céu azul) a insatisfação (temo que haja pouco pra me contentar) nunca me abandona (mas nada me impede de tentar)
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